O Bispo Vermelho - 19/06/2015
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Xosé Lois García

No semáforo que hai na bifurcación da rúa de Cedofeita coa rúa do Carmo, no Porto, xusto na igrexa das carmelitas (onde as olladas se recrean nese enorme mural de azulexaría con pasaxes bíblicos e de santoral), observei a un crego lucindo o rigor do negro, no seu traxe, e con camisa clériman que manuelmartins1pasaba o semáforo en ámbar, con paso miúdo de boi cansado e traballado, mentres os autos respectaban os pasos do crego, metido en anos, como corresponde as xentís e boas maneiras de facer convivio á portuguesa.

Eu ía a cooperativa libreira UNICEPE, que rexente o meu vello amigo Rui Vaz Pinto, que me convidou a presentación do libro do escritor Manuel de Lima Bastos, titulado: “O albergue das letras”, un portento ensaístico sobre Hemingway, Cunqueiro, Brito Camacho, Aquilino Ribeiro e compañía. Alí mesmo estaba o crego, de carácter afable e de pequena estatura. Moi parecido ao meu amigo, o crego Xesús Mato. O Rui apresurouse a presentarnos: “este senhor foi o bispo vermelho de Setúbal”. Decateime que se trataba de D. Manuel Martins, el mesmo o confirmou e estrañouse de que eu tivese os seus libros de compromiso e lle lembrara certas homilías famosas e comprometidas en favor dos oprimidos.

D. Manuel da Silva Martins (Matosinhos, 1927) pertencente a unha familia pobre e labrega pasou por Roma e foi párroco de Cedofeita, no Porto. Destacou como un dos cregos da diocese que prestou apoio ao famoso bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, que mantivo un aberto compromiso cara o legado conciliar e unha denuncia moi correcta e oportuna contra as opulencias ditatoriais dos poderes políticos de Salazar e do cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Cerejeira, cómplices do exilio de Ferreira Gomes, de 1960 a 1969. Nesta circunstancia e hipocritamente o cardeal Cerejeira laméntase da “paixão” de Ferreira Gomes, respondéndolle este: “Eu gostaria de lhe dizer que prefiro a minha paixão à sua glória”. O bispo do Porto tiña grande influencia ante Paulo VI que o repuxo na se portuense en 1969, tomando protagonismo ante un Cerejeira que gobernou o patriarcado de Lisboa de 1929 a 1972, anquilosado no salazarismo e inspirado no Estado Novo e naquel catolicismo de beatería recalcitrante.

Ferreira Gomes toma protagonismo nun cambio que a revolución do 25 de abril de 1974 adianta. Mais o bispo do Porto trata de diminuír a acción do patriarcado de Lisboa, e recomenda ao papa crear unha nova diocese, na banda esquerda do río Texo, que ocupe o anelo industrial de Lisboa, un espazo no cal se localizan conflitos laborais e situacións de pobreza e marxinación, como Setúbal, Barreiro e Palmela. Paulo VI crea na Bula Studentes Nos, a nova sede de Setúbal e pon ao fronte dela a D. Manuel Martíns que a ocupou de 1975 a 1998. Un home progresista, colaborador e da idea aperturista de D. António Ferreira Gomes.

manuelmartins2Postura do novo bispo ante o clero.
D. Manuel chama a atención sobre o protagonismo do clero en súa misión de apostolado, ao sinalar: É preciso ver bem e corajosamente por que boa parte dos nossos bons padres se entregan a outras missões diferentes daquelas para que se ordenaram. (...) Con isto não estou a pôr em causa os ditos padres-operários, isto é, aqueles que, por amor ao Evangelho, aceitan esta forma de serem padres. Neste discurso aparecen novas directrices cargadas de crítica para os bispos e o clero pasivo ante os compromisos que a Igrexa debe ter cunha ampla sociedade de desposuídos, facendo esta impetuosa advertencia: S. Tomás de Aquino chamou aos clérigos que permanecen indiferentes aos problemas sociais “cães mudos”, por isso o bispo que não ladra e não fas as pessoas ladrar e bispo que não presta. (...) Mas um bispo tem a obrigação de alertar para os graves problemas que afectam os homens, como a falta de habitação e o desemprego.

Nesta liña de compromiso e confronto lembra a coraxe de D. António Ferreira Gomes e doutros bispos portugueses que trataron de comprometer á Igrexa en causas xustas: Há mais pessoas corajosas, como, por exemplo, D. Manuel Falcão, bispo de Beja. O que há un conjunto de factores que explican essa notoriedade. Agora é evidente que para o bispo de Setúbal, o trabalho da Igreja tem realmente muito de encarnado nas coisas da sociedade, metido no concreto.

E xa nas cousas mais concretas das que Roma fuxiu dunha maneira de cortar a discrepancia, como e o tema do celibato, D. Manuel advertiu: Não me custa admitir os padres casados, a começar pelos que abandonaram e são dignos. (...) Se o casamento fosse permitido aos padres, concedo perfeitamente que pelo menos alguns não deixariam de exercer esse direito. E sei também que muitos jovens abraçariam o sacerdócio se o pudessem aliar ao casamento”.

Compromiso social do 1º bispo de Setúbal.
Durante os 23 anos que D. Manuel Martins estivo a fronte da diocese de Setúbal, tomaron corpo as súas denuncias contra a opresión. Mais a dereita o acusa de comunista. Ao respecto, D. Manuel responde lamentándose destes adxectivos. Se assim é, sou de esquerda e com muita honra! El non se avergoñou de que o cataloga como bispo vermelho, por estar virado cara causas xustas, e responde: ...se ser vermelho é estar sensível e claramente contra situações de inxustiça e chamar para aí a atenção dos que têm poder na mão, quando estes se preocupam em aumentar os seus ordenados e garantir boas reformas, então tenho muito gosto em ser bispo vermelho. Nunhas declaracións ao xornal “Expresso”, insiste: Estão a chamar-me bispo vermelho, mas não me importo. Prefiro ser bispo vermelho do que bispo sem coração.

A mensaxe do fin de ano de 1985 foi moi comentada polos políticos e polos medios de comunicación de Portugal, ao formular con realismo o que pasa no mundo do traballo: ...a iniqua desigualdade entre os homens; a exploração que os poderosos continuam a fazer do sem-poder; o analfabetismo que gera e perpetua uma nova e invencível escravatura; a falta de respeito que governantes alimentan otensivamente em relação ao pobre povo, a quem mentem desavergonhadamente, a quem manipulam, a quem exploram; o terrorismo e todo o género de delinquência que se instalam também entre nós, tudo isto gerando um marcado desencanto e uma certa desesperança na nossa sociedade.

Unha mensaxe histórica que nas circunstancias en que vivimos aínda hoxe ten vixencia. D. Manuel está nun espazo moi sensíbel cheo de contradicións, no que toca a relación de clases. Setúbal é unha das maiores concentracións industriais e, tamén, do proletariado que soporta enormes inxustizas e indiferenzas, mais o bispo toma conciencia destas situacións e as denuncia: Muitas pessoas que vivem na área onde está implantada a nossa Igreja, isto é, na diocese de Setubal, atravessam presentemente, em virtude do desemprego ou salarios em atraso. Presentimos que esta situação continuará e se agravará nos tempos mais próximos, constituo un Fundo de Solidariedade, que já começou a funcionar, quer com ofertas provenientes dos mais variados pontos do país, quer con ajudas em situações mais desesperadas.

En defensa dos pobres.
O prelado de Setúbal involucrouse constantemente sobre situacións límite de pobreza e agresión aos traballadores, dunha maneira desafiante: Que todos griten bem alto de forma a que esse grito chegue a todo lado. Ouçam o nosso grito os desgraçados que vivem em barracas e organizem-se, exigindo, como lhes compete, casa decente. Ouçam o nosso grito os homens e as organizações do dinheiro e ajudem a construir casas. Ouçam o nosso grito as comunidades cristãs e mobilizem-se no sentido de se promover a habitação para quem a não tem.

A agresión aos pobres ten nas homilías e nas mensaxes de D. Manuel Martins un rexeitamento radical; unha postura evanxélica fronte a conceptos actuais de explotación. Nesta confrontación, analiza os comportamentos dos que posúen riqueza fronte aos explotados: Os pobres têm pouco e são mais disponíbeis, enquanto os ricos fazem muitas contas antes de dar. Os pobres vivem mais das ofertas dos pobres que das superabundância dos ricos. Toda a minha experiência, já longa e rica, me diz que a Igreja vive, sim, da generosidade dos pobres, que, felizmente, nunca se esgota. Santo Agostinho diz que o rico é ladrão ou herdeiro de ladrão!

Con respecto ao mundo da pobreza e da indixencia, o que fora bispo de Setubal, no seu libro que recolle as súas mensaxes de pascua, titulado: “Pregões de Esperança”, contén mensaxes e premisas que nos fan reflexionar, cando di: O mundo nunca mais foi o mesmo a partir da Páscoa. Un convite que chama aos crentes e, non só, a renovarse e a comprometerse cos pobres e profire varios puntos de compromiso do que hai que solventar alí, cos pobre e marxinados: Ali, naquelas quinhentas pessoas despejadas das suas barracas no Pragal e tantos e tantos milhares sen casa por todo o país. Ali, naquelas centenas de trabalhadores em processo injusto de despedimento e em tantos milhares sem trabalho ou con trabalho precário. Ali, naquelas crianças (ainda?) sem lar, sem pão, sem escola digna de tal nome. Ali, naqueles jovens explorados pelos “vendedores” de ideias destruidoras (até na escola!), pelas discotecas que os perdem e pela droga que os mata. Ali, onde pessoas de idade, sem recursos e abandonadas pela sociedade a quem serviram, aguardam, conformadas, o momento libertador da morte.

Noutro capítulo dese libro, titulado: “O trabalho é um direito”, expón: Não Há razão para haver tanto pobre, tendo em conta a dignidade da pessoa humana e o destino universal dos bens. É asim quando falamos, quando falamos em pobres, mas não esquecemos também os que não têm aceso à saúde, à habitação, à instrução.

Alén da súa proclama existencial e en defensa dos desposuídos, está presente o humanismo evanxélico que el o converte en critica e desafío contra os poderes políticos: Porque nós temos uma política sem ética, uma política sem moral. Veja-se o que está a acontecer nas eleições autárquicas. O que as pessoas querem é o poder. Quando o partido não os reconduz ao poder, mudam de roupa, mudam de partido. O que interesa aos nossos políticos não é servir o povo, mas servir os seus próprios interesses e servir os partidos a que momentaneamente pertencem.

Nesa ambición polo poder político, o bispo non desestimou as variábeis que se manifestaron e que el percibe cando fala a seus diocesanos do desenvolvemento global; dunha devoradora economía liberal que conforma o corpus dun capitalismo salvaxe que atenta contra a dignidade da persoa, comezando pola explotación infantil, ao sinalar: No Norte do país há situações de crianças exploradas por patrões sem escrúpulos, por pais inconscientes, e com o conhecimento de uma Igreja local muitas das vezes indiferente.

Neste apartado, sobre o abuso e a explotación de menores, o bispo de Setúbal implicouse facendo responsábel, de tanto silencio, a cregos locais, incapaces de denunciar estes abusos. D. Manuel Martins, noutra das súas elocucións, fala dos nenos e dos mozos sen dereito e sen defensa, sen casa e desempregados, desta maneira: Como homem e como bispo não me calarei! Nom estamos a tratar con dignidade os milhares de jovens que se encontran presos por esse país fora! A verdade é que um bispo não pode concordar con este tipo de cadeias.

De visita aos presos, o discurso humanista e evanxélico prosegue a tocar conciencias: Vocês precisam de ser acompanhados e não ser tratados como objectos depositados. Vós estais presos porque não temos uma sociedade organizada. As cadeias existem porque nós não temos escolas, não temos casas para que se viva com dignidade, não temos empregos para vos ocupar.

As denuncias en favor dos marxinados foi unha constancia na predica, durante os seus 23 anos, que estivo de bispo e ser capaz de implicarse. No inicio dos anos 90 fixéronse notábeis estas palabras súas: Há em Setúbal decenas de pessoas que não tem uma higiene diária assídua, que não se alimentam de forma minimamente adequada, que nunca tiveram um quarto de banho, que não tem casa nem onde durmir.

En defensa dos emigrantes e dos grupos étnicos.
Nestas mensaxes de denuncia contra a pobreza están engadidas aqueloutras en defensa dos emigrantes e das minorías étnicas, así as defendeu: Que se respeitem as minorías étnicas. Temos algumas em Portugal, oriundas sobretudo das antigas colónias. Não é justo o que se está passando com essa pobre gente, explorada a muitos níveis, e sem qualquer tipo de proteção social ou legal. Nós também temos muitos emigrantes e sofremos na carne as injustiças de que são vítimas aquí e além. Em nome dos mais elementares direitos da civilização, olhemos con outros olhos estes nossos pobres irmãos.

Nesta dirección, sobre a discriminación do diferente, apuntou: O Dia Nacional do Cigano. Para qué? Não é o cigano uma pessoa como outra qualquer, com deveres e direitos como outra qualquer, com a mesma dignidade que outra qualquer? O problema de fundo é só este: o cigano é pessoa ou não é? Infelizmente, boa parte da sociedade não o considera como pessoa e, por isso, não o acolhe, antes o escorreça como ser perigoso que não tem direito a viver. São muito tristes os cenários de repulsa desta pobre gente que a comunicação social vai trazendo ao nosso conhecimento. Por que razão é que queremos e exigimos que a virtude more com eles, se ela não privilegia ninguem?

En defensa da ecoloxía.
D. Manuel Martins non eludiu o grave problema global, como é a depredación da natureza. Neste sentido, temos radicais testemuñas nos seus discursos e homilías. Nun deles, expón: Há, na realidade, muitas agressões cuja subtileza científica nos escapa. Mas há tantas que estão ao nosso alcance evitar, como a depredação das florestas, urbanizações desumanas e agresivas dos ambientes, poluição dos nossos rios, enxovalhamento das nossas ruas, prédios em lugares indevidos, pinturas e arquitecturas nada respeitadoras do meio envolvente. A ecologia tem muito a ver com a teologia. E porque tem muito a ver com a teologia tem muito a ver com o Homem –faz parte da Evangelização.

Nun dos seus apelos de pascua, manifestou con voz en grito: Que se respeite o ambiente. É o nosso habitat. Sem um ambiente sadio, não podemos falar em saude, em qualidade de vida e estamos comprometendo seriamente o futuro. Este respeito passa por coisas bem visíveis, como são os nossos rios, as nosas florestas, os nossos campos que se perdem com monstruosas urbanizações e industrias poluentes. Mas passa também pelo respeito pelos nossos caminhos, pelas nossas praias, pelos nossos jardins. Estes lugares, às vezes, mais parecem lixeiras que espaços destinados a seres humanos. Urge uma gigantesca campanha de civismo, onde a própria Igreja deverá ocupar o primeiro lugar. É que o respeito pelo homem faz parte esencial da evangelização.

Na altura en que había graves problemas medio ambientais pola expansión industrial em Palmela, pobo da súa diocese, D. Manuel foi solícito a dicir: O fluxo industrial está aliado ao progresso. Mas é preciso que as novas unidades fabris não venham Afectar a identidade da vila. E tamén, para debruzarse en temas maiores sobre a aniquilación de produtos autóctonos, ao dicir: Esta é uma terra que mantém ainda a sua fisionomia. Mas se o progresso não for cuidado, planificado, até os bons vinhos serão afectados.

En favor da liberdade de prensa.
O bispo vermelho sempre eloxiou o papel da prensa libre e difusora da verdade: A comunicação social é o maior púlpito para as grandes mensagens. Sem a sua acção divulgadora, as milhores ideias ficariam entre quatro paredes. Uma terra vale pelos jornalistas que tem. Uma terra sem jornalistas dasaparece do mapa. Como dizia François Mitterrand, a comunicação social não é o quarto poder, é o primeiro.

Nesa súa liña de liberdade e respecto e, tamén, como forma de aprendizaxe e de observar as diversas particularidades do mundo, desde a imaxe, manifestou: Nas telenovelas aprendo muito sobre o que são o homem e a mulher, principalmente esta, e também sobre as verdades que estão encobertas e que movimentam a vida de muita gente. Em primeiro lugar, ensinam-me a descobrir, ajudam-me a entender. (...) Rio-me um pouco, alieno-me um pouco. Muita gente vê e tem vergonha de dizer que vê. Eu vejo, e muitas vezes até as minhas homilias e em conferências recorro às telenovelas, e é uma maneira de pór toda a gente logo de orelhas arrebitadas.

Non deixa de ser curiosa esta manifestación, que ten un valor impagábel pola súa sinceridade e liberdade. Vinda dun bispo nada usual, nos tempos que tiveron o peso conservador do pontificado de Wojtyla. Mais D. Manuel Martins é o espellismo aperturista e conciliar do Vaticano II. Un humanista que tratou de pór o Evanxeo nos redutos mais marxinais e hostís en que vive somerxo o ser humano.

Ao primeiro bispo de Setúbal temos que clasificalo dentro daquel grupo escaso de bispos que tentaron pór límites á explotación do home polo home, nunha Igrexa onde as súas xerarquías estiveron viradas a outros temas burocráticos, de costas ao mundo real. Mais houbo bispos como Hélder Câmara, Óscar Romero, Pere Casaldàliga, António Ferreira Gomes, Miguel Anxo Araúxo, Manuel Martins, entre outros, que foron significativos ante os marxinados.

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